
O maior jogador da história do futebol baiano, não por acaso, vestiu a camisa do Mais Querido. Popó é um dos poucos jogadores de futebol do início do século passado ainda lembrados de forma marcante na Bahia. Os baianos que acompanham o esporte há muito tempo não têm dúvidas quando perguntados sobre quem foi Popó. Não há relação com o pugilista Acelino Popó de Freitas. Todos sabem que Apolinário Santana foi o “Craque do Povo”. O Terrível, como também era conhecido, é nome de rua em Salvador e, em 2002, deu nome ao troféu do campeão baiano de futebol.
Bicampeão estadual pelo Ypiranga, Popó via sua fama ultrapassar as fronteiras da Bahia em 1923. Em uma partida épica contra o Fluminense, no Campo da Graça, antiga praça esportiva de Salvador, o maior jogador do futebol baiano marcou todos os gols da vitória do Ypiranga por 5 a 4 sobre Tricolor do Rio de Janeiro, que, no ano seguinte, seria campeão carioca com expressivos números.
No dia seguinte, jornais cariocas estamparam a manchete: "Popó 5 x 4 Fluminense." Anos depois, qualquer jogador visitante que se destacasse contra o Flu era chamado de Popó nas Laranjeiras. Onze anos depois, em 1934, Popó comandou a Seleção Baiana que conquistou o título nacional ao vencer a Seleção Paulista.
Popó era meu jogador preferido. Ele era danado na bola"
Irmã Dulce, no fim dos anos 1980
Os feitos de Popó foram eternizados de uma vez por todas nas páginas de um dos livros do mais ilustre torcedor do Ypiranga, Jorge Amado. O escritor nunca escondeu sua paixão pelo Aurinegro de Salvador. No livro "Bahia de Todos os Santos", cujo trecho abre este texto, o escritor fala de sua paixão pelo clube e não se esquece de citar o ídolo. No livro que retrata os costumes da Bahia e o caráter do povo baiano, Jorge diz aos visitantes que escolham o Ypiranga para torcer.
- No futebol baiano não há nenhum clube de tão gloriosa tradição quanto o Ypiranga, o time de Popó, antigamente poderoso, milionário, invencível, supercampeão, hoje pobre e batido, mas, em glórias, quem se compara a ele? Nem o Bahia, nem o Vitória, nem o Galícia, nem o Leônico (cito o Leônico sob violenta pressão familiar: minha mulher é torcedora do Leônico, creio que a única, apesar das afirmações em contrário). Sou torcedor do Ypiranga há mais de 50 anos. O Ypiranga pode perder à vontade porque já ganhou demais, já deu muita alegria aos seus fiéis torcedores – contou Jorge nas páginas do livro lançado no final dos anos 1940.
Nenhum comentário:
Postar um comentário