
O dono do Grupo Odebrecht foi arrolado como uma das testemunhas de defesa do próprio filho, Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho de 2015 pela Operação Lava Jato. No processo analisado nesta segunda, Marcelo é acusado de destinar propinas ao ex-ministro Antonio Palocci, para conseguir contratos na Petrobras.
Emílio foi ouvido na Justiça Federal de São Paulo, e a audiência foi transmitida por videoconferência a Curitiba. Segundo o advogado de Antonio Palocci, José Roberto Batochio, que estava no fórum em São Paulo, Emílio Odebrecht disse no depoimento que "jamais ouviu dizer que o 'italiano' fosse o Palocci". Italiano era o codinome dado ao ex-ministro em listas de propinas da empreiteira, segundo investigadores.
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"As testemunhas negaram que tivessem tratado com o ministro Palocci qualquer assunto de propina. Negaram qualquer tratativa moral e excusa no que diz respeito a sondas em águas profundas, os estaleiros, que é o objeto da denúncia. Também negaram qualquer envolvimento do Palocci em qualquer outra atividade ilícita e o doutor Emílio Odebrecht foi muito claro em dizer que jamais ouviu dizer que o italiano fosse o Palocci", disse Batochio.
"Teve um ou dois que disseram aí 'eu ouvi dizer que era o Palocci, o italiano'. Doutor Emílio disse 'olha, tinha várias pessoas lá que tinha o apelido de italiano'. Doutor Emílio disse 'até eu era chamado de italiano, porque eu tenho ascendência de italiano'. O resultado foi muito bom, auspicioso, nada se provou que incriminasse o ministro Palocci", completou o advogado.
O depoimento do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, outra testemunha de Marcelo Odebrecht, também ficará sob sigilo, conforme a Justiça Federal.
Márcio Faria já foi condenado a 19 anos pela Lava Jato por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção ativa. Ele é delator.
Investigações
Marcelo Odebrecht é um dos 15 réus em uma ação penal que apura um suposto pagamento de propina do grupo Odebrecht ao ex-ministro Antônio Palocci, em troca de ajuda para que a empresa firmasse um contrato com a Petrobras. O processo é derivado das investigações da 35ª fase da Lava Jato.
Além dele, outras 14 pessoas foram arroladas para prestar depoimento nesta segunda-feira. Entre elas, o vice-governador do Rio de Janeiro Francisco Dornelles (PP), e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que foram arrolados como testemunhas por Palocci.
O trabalho das oitivas vai durar todo o dia. Apenas uma testemunha, arrolada pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque, será ouvida presencialmente por Moro.
Mais audiências marcadas
Esse processo deve seguir na fase de depoimentos de testemunhas até o dia 29 de março. Os réus chamaram figuras como os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Marta Suplicy (PMDB-SP), Armando Monteiro (PTB-PE), e Jorge Viana (PT-AC), deputados federais e até a ex-presidente Dilma Rousseff.
No dia 31 de março, Moro começa a ouvir os depoimentos dos réus. Essa fase deve terminar no dia 19 de abril, com os depoimentos de Palocci e do assessor dele, Branislav Kontic.
Após o fim dos depoimentos, Moro deve abrir prazo para que sejam feitas novas diligências, se as defesas ou o Ministério Público Federal (MPF) solicitarem. Encerradas as possíveis diligências, as partes começam a apresentar as alegações finais, preparando o processo para a sentença, que poderá condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença seja definida.
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